Mais um fim de ano chegando - Lizaldo Vieira

Data 20/11/2011 08:39:18 | Tópico: Poemas

Mais um fim de ano – Lizaldo Vieira
Tá chegando
Pra povo rebolar
Dançar conforme o toque
Mais um tempo
Festeiro
Vida farta
Pra quem ja lambeu o tacho
Sapato roto pro pé doente
Roda viva do dinheiro
Mensagens das boas novas
Bom gosto
Comercio pra todos os gostos
Mais uma roda
Roda na corrida
Do ouro de tolos
E chita
Tudo tem á custo de milhões
E vintém na festa de bananas
A cidade se enfeita
Fica cheia de risos e ofertas
Dizem que com mais gente pra comprar
Consumidores de grifes e rapadura
Não há quem resista
Ah ..tudo agora é novidade
Produtos natalinos
Que no ano passado ficou boiado
O comercio
Mais que esperto
Espera fatura
É ..e o que não falta mesmo
São opções
De piaba na feira
E rojões
Com prestações á perder de vista
Tudo é festa
Armadilhas de fim de ano
Da bugiganga ao ouro em pó
As lojas de departamento
Só pensam em faturar
Bons índices
Coitados dos consumidores
Feito vacas de presépio
Enfileiram-se nas tais fantasias das promoções
Entram na dança da entrega do que nem sobrou
Dos míseros cruzados
Do finado décimo terceiro
Apelo barato
De fim de ano
Tem disso
Rosto disfarçado de que tudo vai bem
Afinal
Tem festa de fim de ano
Remendo novo
Em roupa velha
Ruas e lojas lotadas
Respirando
Espreitando
O faturamento
Com as comprinhas de Zé tostão
Que tenta esquecer
Jogar pro alto
O mau tempo que passou
Aquele sapato velho
Empoeirado
Esquecido ficou
Que ninguém viu
Dependurado na janela do tempo
A barata roeu
O roto urinou
A economia ficou em alta
O ano acabou
E o bom velhinho
Só fez enganar
Com seu saco e barbas grandes
Pra lá e pra cá
Na gloria do comercio informal
Que não contratou no emprego temporário
Enquanto
Mais um fim de ano chega
De olho no milagre do crescimento
De economias em ruínas
Bolsas caem
Banco fecha
Enquanto
Do outro lodo
Na banca rota
A gente
Só dança
Conforme toque dos sinos
E o relógio big bem
Por tudo isso
Digamos que valeu a pena
Dormir com esse barulho
Dos enganos
E entulhos
Depois da ressaca
Só mais ficar no meu cantinho
De mata de cipó
Pescando saburica
Pra comer com baba de quiabo
Achando que vai minorar
Se o sol
De novo tempo raiar
Com o IBGE dizendo
Que a população ficou mais pobre
E os nobres
Sempre nobres




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