Meu cabelo é preto, pretinho, selvagem como o meu sangue, como todos os atabaques que me chamam de amor. É Alujá: começo a chorar (por ele)
Meu sangue, minha pele, meu orgulho herdei do meu avô: cabra danado, neguinho moleque, homem de fibra, o melhor filho de Xangô.
Sentava com ele e ouvia com a alma carregada de rezas, as verdades absolutas sobre sangue e honra: essas coisas que o tempo parece esquecer.
E quando ele já estava caminhando para lua (e isso ficou aqui dentro), ele me disse (ele me disse pela primeira e única vez) "nunca se esqueça que amo você, nunca se esqueça que o meu sangue corre nas tuas veias." (Não esqueci Vô)
E sem pedir a minha permissão, foi embora com os Orixás só para ficar mais perto, muito mais perto de Xangô e dizer com orgulho "Saravá meu pai, caô, caô."
Karla Bardanza
Para o meu avô. Desconheço o autor da bela imagem acima. Alujá é o toque de atabaque para Xangô.
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