
Meu último poema
Data 23/11/2011 01:12:17 | Tópico: Poemas
| Acaso leias meu último poema, Saiba que nele estará implícita A totalidade dos teus olhos E ainda, mais além, Os olhos dos teus amores E da tua alma.
Acaso fale da natureza, Haverá nele o mais indizível verde E o ápice homeostático De todos os elementos que a compõe.
E a despeito de toda a beleza, Esse verde será também O sumo de toda mágoa, De toda frustração indesejada E de qualquer ira adormecida, Temperadas pelo afã de vê-las superadas.
Acaso leias meu último poema E ele te pegue desprotegido, despedaçado, Saiba que nele, independente do que transmita, Haverá um abraço oculto, Um beijo elaborado Para servir a teu espírito dolente.
Acaso fale de solidão, Haverá nele, concomitantemente, Um luminoso branco de paz, Uma bandeira que cubra a todos os povos E que desfaça de vez toda a tristeza.
Acaso fale de insegurança e medo, E seja negro e escuro Como a mais negra madrugada, Haverá nele, sempre, O brilho essencial De uma pequena estrela perdida.
Acaso leias meu último poema E ele não possua versos que te agradem, Saiba que em mim houve A mais intensa entrega E a coragem desmedida De quem salta no vazio.
E sendo assim, Acaso não tenhas lido Nenhum de meus poemas E não venha a fazê-lo posteriormente, Terei sido para ti, bem ou mal, Nesses versos que leste agora, A intenção sincera e aguerrida De que haja sempre o melhor em ti... ...pois acabaste de ler, talvez por obra do acaso, o meu derradeiro e último poema.
Frederico Salvo
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