Prisão sem cela e sem grades

Data 29/11/2011 22:34:26 | Tópico: Poemas

No saguão das memórias perdidas
se esconde o cotão do vasto tempo
onde se empolaram sátiras mundanas
e todas as quezílias destemperadas
sem prantos e risadas loucas

Ali se enfatizam querelas
que os insectos esvoaçam
num frenesim repetido
e os aracnídeos criam teias vivas
entre tantas outras velhas e mortas

Por ali tudo adormece
na escuridão consentida
daquele exíguo espaço
que permanece imune
a tanto prurido flamejante

Naquele saguão
não há opressão que ultime
o desespero oprimido
de um desassossego sem limites

António MR Martins

2011.11.29



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