Carta-Testamento

Data 13/12/2011 23:21:15 | Tópico: Poemas

Vencido não ouso mais um grito.
Outra é hoje a minha aparência
Após longo período de um atrito
Que consumiu com minha existência.

Nada deixo para os meus filhos.
(Nem mesmo para a pequena)
Apenas os dias sem-domingos
E algumas centenas de filhos-poemas.

Em nada contribuo com a ciência.
Nada ganha a Literatura com meus escritos
Que somente revelariam, a olhos vistos,
A minha mais completa falta de inteligência.

Resoluto, resolvido,
Parto-me em mil pedaços e me divido
Onde cada retalho é mais uma diferença
Daquilo não-conquistado, não-adquirido.

Um momento mal-resolvido desde nascença;
Os meus medos, segredos, credos e crenças,
Amalgamados e mesclados com os conflitos;
Com os beijos não-dados e omissos;

(Com as falhas (navalhas) e a não-presença...)

Dissoluto, dissolvido, resumido,
Pássaro morto em nuvens de azuis essências;
Jardim perolado da lua na Terra-Santa caído;
Um poço profundo de ódios, caretas e carências...

Impoluto, inseguro ou imundo,
Sem raios de sol ou Pandora com a Esperança,
Despeço-me feliz por nada deixar no mundo
Que denuncie que eu era apenas uma... Criança!

Por isso despeço-me feliz, com toda verdade.
Nada deixo que me faça voltar às vistas para trás.
Despeço sem temer a morte, a Deus ou Satanás.
Deixo feliz essa vida para mergulhar na eternidade.



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