
[Bibba]
Data 15/12/2011 20:17:12 | Tópico: Poemas
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bibba tem um soutien em cima do meu la vie des philosophes (vol.II – Flammarion, Paris), de Diógenes Laércio, temos bacalhau na geladeira e eu trouxe uma garrafa de Beaujolais contrabandeado, bibba está excitada com a passagem do ano (prometemos encarnar uma personagem cada um, sair e fingir e ver se a consigo levar à cama – eu quis ser D. João II – ela só sabe que foi um monarca) pergunta-me pela minha poesia – para ela, as letras não são importantes, mas admira-me quando leio (faz silêncio de respeito, brilham-lhe os olhos) e diz às amigas que namora um poeta – e, quando acabo de falar do cais de carvão, de alt, de 1944 – ela respira fundo e agita-se, a infernália, que eu bem sei que me roubou a biografia de Safo, a grega, apanhei-a a ler (ela nunca lê) e depois escondeu com rubor debaixo da almofada o livro – ela pensa que eu não sei a personagem dela – abro o beaujolais, dois copos cintilam erguidos e mágicos, bibba sofreu imenso, bibba não tem pais nem família, e o meu coração – que, livre, é negro e cruel e autofágico – está disposto, de novo, a ser ogiva e Regra, até regressar – é a Ordem das Coisas –
ao Cais de Carvão.
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