Um modo de olhar*

Data 15/12/2011 21:24:05 | Tópico: Prosas Poéticas

A esperança suspende o olhar até o mais alto ponto no tempo do mundo.
Sobre os telhados que se avista do quintal, vê-se um imenso mar ocre de casas e além do que a vista alcança, no azul desbotado do horizonte, vê-se mais. São nos limites das coisas que se enxerga mais e melhor. São nos limites das coisas que se diz menos e melhor.
Na fala do silêncio, surgem signos e imagens, avessos profundos e íntimos que
dizem com versos,
dizem com pressa,
dizem com amor,
dizem com flores,
dizem de promessas,
dizem arrepios,
dizem verbos,
dizem de horas,
dizem de pássaros,
dizem vapores,
dizem reticências,
dizem sempre,
dizem... ao menos.
E onde se ouve estes dizeres, em cada dia só seu, nos doze meses de cada ano íntimo e único, traduzidos de todas as formas, o tempo não maltrata, nem prega peça. Assim, vê-se que esta superfície no horizonte desbotado é translúcida e ao mesmo tempo "espelhada"; e nela as borboletas matam a sede olhando para si mesmas.

Feliz Natal a Todos... muita paz, saúde e amor.




* várias prosas sobre "um modo se olhar"



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