
Sumário dos dias II
Data 20/12/2011 15:26:02 | Tópico: Poemas
| A lua ergueu-se nos espaços E nada disse. Foi-se como ontem, hoje, Sem nenhum murmúrio. Passou o vento bulindo em tudo, Causando grave alvoroto, Tentando soprar as lembranças contra nós, Mas não lhe entendemos o recado Após o dia, o verão e o estio. Passou apenas nos deixando Uma noite sem nenhum fragor, Paixão ou volúpia, Sem anjo a tocar trombeta – Noite, apenas noite, física, Insonhada por todos os poetas.
Ao alvorecer, A manhã trouxe-nos As mesmas flores de ontem e amanhã: Desenganadas! Porém, não houve pesar ou frustração Pela noite, pelo vento e as flores Fanadas entre nossos dedos resignatários, Sem nenhuma poesia.
Pois, como dormimos, acordamos, Como acordamos, comemos, Como comemos, repomo-nos, Pequeninos às nossas funções, Como nos repomos, produzimos Como produzimos, amamos, Como amamos, esquecemos, Como esquecemos, esquecemos o que esquecemos, E, então, morremos como nascemos, Brotando sobre nossos túmulos de granito e cimento As mesmas flores do amanhã, Entre armas e sonhos imobilizados.
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