
Fuga
Data 22/12/2011 19:27:02 | Tópico: Poemas
| Ah, eu queria apenas Uma exígua porção Da rara antimatéria Capaz de devastar Todo o bairro onde moro, E a excelsa espaçonave Lançá-la nos confins Do espaço sideral.
Partículas tão raras Presentes nos primórdios Da nossa formação, Imagem especular Do que não nos tornamos, Matéria negativa Que enfim se consumiu Em luz e em energia.
Ah, eu queria apenas Atingir os limites Deste imenso universo Finito, mas sem margens, Contemplar enlevado A máquina do mundo, A primordialidade De seu funcionamento.
Ah, eu queria apenas Ver todas as estrelas Que nascem lá nas Nuvens De Magalhães, pilares De outros mundos e sóis. Contemplar as moléculas Chocando-se entre si Em espirais sem fim.
Canópus e Capela, Vega, Rigel e Prócion, Poláris e Altair, Aldebaran e Pólux, Betelgeuse, Castor, Sírius e Belatrix, Dossel de astros que apontam De Cão a Ursa Menor.
Ver todas as estrelas Verrumando nos céus Noturnos das cidades Que também se iluminam De luzes e néon Nas ruas e avenidas Em que os homens se perdem Feito estrelas cadentes.
A mim basta só isso. Da deusa não preciso, Nem de revelação Na estrada pedregosa Daquele ancião de Minas. A mim basta só isso: A energia que possa Lançar-me neste espaço.
Porque a realidade Não é um teorema, Nem clara se desvenda Em rápido relance, Nem a reinos nos chama, Porque já estamos nela Sem sequer se importar Se a queremos ou não.
Oh, este mundo! Sim É possível medi-lo, Entender seus princípios, A origem e o destino Do que nos concebeu: A primeva matéria, Ínfima e subatômica – Os quarks e antiquarks,
Matéria e antimatéria No espaço colidindo, Gerando mais partículas No caos das incertezas Que fez as quatro forças Então se separarem E enfim impulsionarem A máquina do mundo.
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