
Autobiografia de um Homem
Data 30/10/2007 01:28:07 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| <br />Porque me sustento sobre meus próprios pés ? Assisto pontualmente a minha agônia. Com um nome e um destino assinalado. Apenas eu podia recordar Os rostos semelhantes aos dos mortos A quem nego conhecer Porque estão sempre comigo.
Porém há alguém espiando-me Através de uma fenda pequena quase inútil. É um menino sem dimensão e nem ternura A quem tive que matar antes de dar-lhe a vida. Dêsde os ossos Me grita amaldiçoando. Dêsde o impassível ventre de sua mãe Me grita amaldiçoando Sempre me está gritando ...
Oh! Seus cabelos negros E suas mãos como raizes quebradas. Porém êle está me gritando, Incansável, E terno, Àguas de um rio, O campo, a rota, em meu sangue E então Tudo é inservível Como uma mulher enferma; E triste. Como um guerreiro morto ao amanhecer. Só ao longe Contemplo um homem vivendo. Tão longe que não há distância que possa ferí-lo. Tão longe que minha voz se perde com o eco inexato De uma fôlha enterrada. E estou no anonimato Como que saudade adormecida. Diáriamente venho como todos A morrer nas oficinas E a imaginar mulheres Bonitas, rompendo-se em desejos.
E amo outra vez E outra vez me canso. Encontro um coração frio nas esquinas E compreendo porque hoje em dia A cidade Tropeça com um cego.
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