[desencantam-se as manhãs descalças]

Data 02/01/2012 05:12:35 | Tópico: Poemas

.
.
.
.
.
.
.
.
....................
********************

...
desencantam-se as manhãs descalças,
como o teu caminhar pisando flores
adormecidas,

as flores reflorescem magnificas,
e os odores, empurrados
pelo vento de norte, libertam esta
terra do cheiro a húmus.

É da nortada que as sombras se escondem,
estilhaçando espelhos,
perseguem os sonhos,
transformam-se em sementes
enterradas na superfície das terras
úmidas,
descansam-se como os nômadas
esperando visões nas encruzilhadas,
querem-se viagens, querem-se mar.

Vejo-te descalça pela aurora,
no redemoinho das folhas secas,
suspiros do vento,
o tempo para na eternidade
de um olhar, do meu,
sinto o que deixei na saudade,
sinto o que perdi nos horizontes
longínquos,
apenas sinto.

Apenas te vejo desaparecer
no meio de outras sombras,
sigo então o voo do albatroz,

habita-me o sorriso que um dia
vi entre as ondas e as calmarias,
desconhecidas as alegrias das viagens,
nas batalhas sem fim contra destino,

habita-me esse teu sorriso,
que um dia perdi.




O Transversal
“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=210146