Reina a Paz Refrigerante

Data 03/01/2012 00:01:48 | Tópico: Poemas

Sangra a tarde apunhalada pela mão do dia
Algo refrigerante faz o ocaso ser diferente
Morre a tarde e se inicia uma nova poesia
Logo que se recolhe Febo dos cabelos ardentes.

Do nada um véu denuncia a chegada da brisa
Que vem deslizando macia pelos arvoredos,
Orvalhando a rua, perolando os brinquedos
Como uma seiva que a alimenta e a alumia...

Numa rua, em um prédio, num apartamento
Uma semideusa um espetáculo se principia
Elevando aos Campos Elíseos o pensamento
De um homem quando a toalha se descortina...

Uma mulher exalando fragrâncias femininas
Serpenteia pela pelúcia veludosa do tapete,
Olhos gigantes, sensuais, de uma fera felina
No cio arranhando a textura alcalina da parede...

No vale virgem, no monte de Vênus de uma vagina,
Nas penugens maliciosas das abundantes nádegas
Um marinheiro se aventura por terras desconhecidas
Quando a luz bruxuleante e sonsa do quarto se apaga...


Aquece o quarto o perfume que adocica o ambiente
Pernas e braços entrecruzados imortalizam o momento
Dois corpos, duas almas afogueadas em sexo indecente
Liberando e libertando os mais safados pensamentos...

Morre o mundo todo neste instante.
Param-se os relógios e as ampulhetas.
Queda a noite como se estivesse bêbada...

Fadigadas duas almas extasiantes...
Apagam-se as estrelas antes acesas.
Nasce o dia diamantino...
Prelúdio de uma paz... Refrigerante!



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