Delicado véu

Data 05/01/2012 17:47:17 | Tópico: Poemas

Delicado véu
de cores suavizadas pelo vento,
agita o feitiço
do terreno que se desbrava.

Num canto brando e breve
de um choro profundo,
calo a boca calada,
selada
pela inquietude da ausência,
plasmada em finas cerdas
de um leito que hibernou
sorrisos e alegramento.

Onde te encontro?
Nas minhas entranhas?

Essas …estão vazias.
Já não estou prenha…

Vou violar as leis da norma,
voltar atrás segundo a segundo
até sentir de novo uma alcova cor-de-rosa
onde o espermatozóide se funde no óvulo.

Meus seios crescem fecundos,
olho-te pela preciosa pele que nos separa
e sei-te minha, apenas minha.

Já passou o tempo.

Agita-se o feitiço
do terreno a desbravar.

Silencio-me na crença
de te rever noutros rostos,
noutros choros!


Rosa Maria Anselmo


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