Piedosa Vingança

Data 10/01/2012 01:19:31 | Tópico: Textos

Me olhaste e nada mais precisava ser dito. Como boa conhecedora de cada um de teus olhares, boa conhecedora de teus olhos, de longe eu poderia reconhecer um olhar de adeus. Me agarrei a teu corpo e chorei, chorei até encharcar toda a manga da tua blusa amarrotada. Juraste que iria me seguir, como falava a nossa canção e não o fizera. Então te perguntei antes do parto: Que farei nas noites frias, meu bem? Sem ti, uma brisa trará todo o frio gélido da antártica. Então dai-me um subterfúgio para as noite frias esquentar. Quando os meus dedos do pé se contorcerem no meio da noite, que farei sem teus pés ali ao lado? Em que ouvido irei destilar minhas intenções numa voz serena? Que mão irei apertar quando todo o prazer não couber mais em meu corpo? Onde irei ver meu sorriso espelhado depois de longos suspiros? E tu se fora, sem responder às minha indagações. Me deixaste a soluçar e agarrando a mim mesma no canto da sala. Suspirei, reclamei, até sorri e continuei. Deixei o nosso lar, agora tornara-se algo maldito. Um refúgio de amor tão frágil, não era digna a continuação de minha permanência ali. Não sem ti, não sem nosso calor sendo abrandado no sofá. Jurei às paredes que me vingaria, a vida sem afeto parecia tão feia, talvez fosse de fato. O amor foi mesquinho, eu havia dado o melhor de mim e tudo desfez-se. A culpa era do amor ou era tua? Nunca soube, mas jurei que iria me vingar. Humilhar quem ousou o fazer comigo certa vez. Te adorei da forma mais bela que pude e agora sabes que sempre pertencerei a ti. Ainda sou tua, mas tu já não és meu e não poderá ser jamais. Então, sintas, querido! Sintas o fardo de viver sem aquela que te amou durante toda uma vida.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=210938