
OS POEMAS
Data 15/01/2012 16:38:22 | Tópico: Poemas
| Quanto durem, sejam únicos, impregnados da vida que enlaça nos seus arcanos os seres todos, viajores do vasto campo estelar. Lembrem cantigas de berço. Resgatem náufragos sonhos de frascos vindos do mar.
Duros como as pedras que se douram ao sol na extensão das paisagens; suaves como os lampejos dos astros sobre as folhagens, sejam, mas não banais. Densos como as pardacentas tardes de inverno em remotos cais, sejam, mas desiguais...
Ressoem na corneta solitária ao pé da sepultura onde o soldado é agora nada mais que um capacete fazendo sombra ao fuzil. Rompam as cercas de arame farpado que o gênio da guerra expandiu. Assim, um valha por mil.
E assim, profundos, traduzam a voz do pássaro alvissareiro. Desvendem a mística da lua imensa e calma na via estreita do desfiladeiro. Renasçam dos tsunamis, sibilem na aragem que afaga os trigais. Irrompam do rochedo das palavras como as águas, naturais.
Únicos, quanto durem. Sejam como urzes que vicejam em meio a pedras e espinhos e, como vindos do Oleiro que amolda a terra, a girar, dêem sentido à canção dos caminhos. Poemas de caminhar...
Da coletânea "Estado de Espírito", de Sergio de Sersank
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