CANÇÃO DA VENTANIA

Data 23/01/2012 23:14:04 | Tópico: Poemas

CANÇÃO DA VENTANIA

Pergunto ao vento que passa
Se viu novas de mim,
E o vento traz-me sussurros:

-Sim...sim...sim...

Mas os meus ramos inertes,
Tolhidos por férreas garras,
Não ousam brotar o verde
Por entre as suas amarras.
A Primavera é criança,
Tenro sopro de equinócio,
E a ventania dança,
Em nuvens, como se fosse

A esteira de minhas vozes,
Véus diáfanos de quem
Esvoaça asas d'anjo...

-Vem...vem...vem...

Como dar as mãos ao vento?
Tecer laços de cetim?
E a aragem traz-me sussurros:

-Assim...assim...assim...

E a ventania aconchega-me,
Reveste meus ramos nus,
Abraça a minha alma em sede
De flor, semente, de luz...
Desfolhando mil corolas
Desvendo sonhos em mim,
E os ecos são madrepérolas
Perfumados de alecrim.

Pergunto à ventania
Se viu trovas de mim.
E ela traz-me sussurros:

-Sim...sim...sim...


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