
Alma, corpo e sangue
Data 29/01/2012 13:21:32 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Um corte no dorso da mão, um corte profundo, na alma e no coração. Tanto sangue vermelho caindo, sangue ensopando a terra, tingindo tudo o que existe.
Um corte profundo, separou a alma do corpo. E ela se foi. Fugiu rumo ao infinito, procurando a eternidade. Ela saiu e foi pelo mundo, foi conhecer lugares, e aprender linguagens diferentes! O corpo sem alma ficou, e a alma se foi sem corpo, sem corpo a alma ficou. Todo o sangue correu pelo corte aberto nas veias, todo o sangue se foi, esvaiu-se e perdeu-se no chão.
O corpo sem sangue e sem alma, ainda vagueia pela terra, procurando um lugar, procurando um abrigo, para ver passar o tempo e as eras.
A alma do corpo sem alma, que já conheceu o mundo, viu lugares diferentes, novas paragens, paisagens, novas gentes, outras linguagens, um dia cansou-se de vagar pelo espaço e procurara a eternidade. O sangue do corpo sem sangue, que caiu pelo chão, e tingiu de vermelho, todas as rosas brancas, cansou de albescer flores, e de ensopar a terra. Mais alem, o corpo sem sangue e sem alma, que também vagava pelo mundo procurando um abrigo, procurando a luz, cansou-se de sua peregrinação.
E no fim, pelo mesmo corte na mão, a alma, o sangue e o corpo, tudo se funde e se confunde, e torna-se um so. Um só ser vagando pela terra, procurando a eternidade, um só ser, corpo, sangue e alma, tingindo de vermelho todas as rosas brancas de todos os jardins desta terra. Um só ser cansado, extenuado da lida, da vida, procurando a Luz, procurando a Paz.
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