Intempéries do Íntimo

Data 29/01/2012 21:56:12 | Tópico: Poemas

Olho-me interiormente sem desdém
E percebo que há um sertão abandonado,
Minha caatinga encontra-se seca e não há arado
No trânsito em que um vácuo impede o constante vaivém.

Retirantes em meu íntimo pranteiam a devastação
Do solo infértil cuja argila é tecida de amargura,
Pincéis declamam poesia no sarau configurado da partitura
Adornando de sensibilidade as filigranas que fazem bater o coração.

Na textura da estiagem há vendavais de areia
Que dissipam vidas na ilusão que cerceia
A esperança que brota com a fecundação do solo gretado...

Volto a olhar-me interiormente sem desdém
E confisco da utopia a magia que a natureza tem
De transformar em êxtase um cenário depauperado!



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