Tomo-me nua

Data 25/01/2008 08:18:50 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Tomo-me nua, descalça de mim e do eco de palavras
desabitadas.

Tomo-me inteira na derradeira hora em que a alma
desflorada implora
o contíguo movimento da pele em mutação,
da pele liberta na voz do grito dilatado sobre a areia.

... ausente, apática,
passeio-me agora, limalha revolta p’la varredura da vaga.

Caminho-me lenta, sem propósito, sem destino,
trilho-me desempedrada,
retalho-me à navalhada, da medula ao ventre,
por fora, pelo meio, por dentro.
Anta resoluta, envolta no esconso de ser penumbra
de um qualquer tempo,
já não se luta, se não disputa,
indiferente ao estar aqui, ali ou mais adiante.

Não mais sou que peregrino, romeiro ou viandante,
que porfiado sangra
no rebuscar o fio d'ariana e o seu destino.




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