um título qualquer

Data 04/11/2007 00:25:20 | Tópico: Poemas

Se acordarem meu sexo de repente ele virar-se-á firme contra vós
Se interromperem a canção dos operários a meio do seixal toda a canastra beijará vossos coiros
Se os glaciares se derreterem sem o sol estar apontado é o mesmo que os deuses pegarem no sapato para nos dar
Se o cigarro que eu não fumo saber a cal então estamos prontos a ser homens sem alvará.
Perdoe-me se o convidei a estar triste.
Não é nada pessoal, é a invenção das trevas que perfuma e maquilha o rosto ao dia
Tenho uma costela partida mas não é grave.
Deito-me para o outro lado e já está,
leio um almanaque do patinhas, esterilizo um sonho de outrora,
fixo um nó da garganta e aguento a farsa.
Entre a prosa e o poema,
uma musa de ópio ressuscita-me então
em vez daqueles comprimidos datados de outras noites.
É bom estar contigo, sabes, disse-me ela
enquanto me abria a braguilha,
encantava a serpente adormecida,
e eu, tão convexo ao ponto de imitar um zero com o corpo,
lá lhe dizia que sim, que sim
que sim talvez amanhã
minha mãe suporte a dor de me ver nascer outra vez,
ao revés, para o outro lado do mundo
se acaso for verdade
que não há amor sem senão.






Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=21326