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 BONECA de MILHOData 05/02/2012 03:33:24 | Tópico: Poemas
 
 |  | Ando nu no meio da multidão e vejo meus semelhantes com o rosto
 estampado de trevas,
 o alvoroço da queda da lua na beiramar
 espalha destroços ao longo da cidade descrente,
 para alegria das crianças e dos cachorros.
 
 A avenida arrasta a minha voz pelas esquinas
 e o ladrão empunha a cruz apesar da máscara,
 sou o Inexistente e o meu nome é Nunca,
 mais do que a Miséria e o Inferno
 massacro quem não domina a linguagem do Tempo
 pois se escadarias levam do deserto ao sucesso,
 os degraus aguardam senhas.
 
 Calado espero com impaciente tranquilidade
 o fim da disputa entre o galináceo e a estrela,
 o cosmos está fechado ao desfrute da vaidade,
 é melhor trocar os olhos pelo bilhete premiado
 na eternidade, quem não prefere assistir
 à queda dos impérios aonde a dor é um jogo de cartela?
 
 Atualmente utilizo cetro e coroa para conduzir
 ávidas garotas ao estofado do carro,
 quando o Anjo da Guerra me entregará a espada
 com o meu nome? quando deixarei as ancas famintas
 das adolescentes sexypatrocinadas
 pela cavalgadura fúnebre dos assassinos condecorados?
 
 A glória da conquista é uma boneca de milho
 como a moral é um urubu em voo rasante
 balas perdidas chegam no perfume das rosas,
 até quando a paciência permanecerá virtude?
 O certo é esconder o armamento nas catacumbas
 pois o lobo fareja o momento propício
 de atirar no lixo a máscara do heroi
 
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