Os Olhos da Minha Infância

Data 05/11/2007 00:01:11 | Tópico: Poemas

Os Olhos da Minha Infância



Nem quando o sol cansado do dia,
Procura abrigo no alto das árvores,
Até poder pular lá a beirinha do céu,
Para encolher-se,

Nem quando vejo os trieiros sinuosos
Rendas caprichosas tecidas nos pastos,
Ou sinto o perfume das damas da noite,
A abraçar as casuarinas marulhando ao vento,
Nem quando ouço o êia distante,
Dos vaqueiros tangendo de tarde,
Os bois para o curral,
Ou quando bandos de maritacas,
Matraqueiam dançantes prosas pelo pomar,
Nem quando a areia branca, prenhe da lua,
Faz um tapete para o abrir das porteiras,
Ou quando as borda do açude,
Espumosas acolhem girinos ligeiros,
Nem quando o berrante chora,
Ondulantes canções em vibrato...

Nem assim os meus olhos encontram
Aquele sol, os rendados trieiros,
Os vaqueiros, as maritacas,
Dos olhos da minha infância.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=21388