tranças e laços (Vania & Sterea)

Data 20/02/2012 20:40:13 | Tópico: Poemas

...enrolamos tranças numa tarde fria
(com alma tropical)
e a conversa fica um abraço sem dimensão, com o Mar ao meio...

há um azul irrequieto ao fundo do quadro que nos reúne.
um dia, a gente reinventa o mar
e havemos de ter a fotografia intensa
já não vaga de esperança, mas maré acontecida.

sabes que almas têm oceanos?
mas o oceano pode ser uma lágrima, uma lâmina...
ou o respirar de um afecto
por isso, respiremos
(ar de saudade não mata…)

por agora, vamos ser pedaços de terra
e descolonizar saudades
com certezas de céu verde
e mar transparente
…caravela também é este carinho
este círculo que estima gente
uma palavra que nos veste
tal qual um vestido que nos encontra
e nos rouba a forma
e a leva para lá do céu
porque as asas de um vestido
morrem quando a prova se ultima
a estreia se avizinha e a saudade do cheiro
dos tecidos recortados repuxa a dor dos alinhavos...

também eu
já parti quase minha liberdade de ficar
mas aprendi a morrer sem me deixar viver
morta por ninguém.
sou sem lado algum
não sei ser nada sem ser livre
nem tudo sem sobreviver:

a Vida é redonda
é Terra
imensidão essencial.

acaso já disse que sou (és) assim?
tentando ser-te...
tentando te imitar sem limitar-me
crio pontes entre nós
sobre rios em tentativa de espelho:
mãos com céu líquido a correr nos dedos
águas a entrelaçar segredos
pião em rodopio
até ao limite de um fio
(poesia ninguém segura, é corrente de alma pura!)

e tu és (eu sou) assim:
sem beira nem borda
mundo que não tem margem
em palavra escrita pelo dentro de fora
dos papéis que não subjugam linhas.

mesmo que nos deixem escrevendo
em conchas vazias
desafiando o improviso
improvisando a sorte.
vamos morrer de alegria em cada linha.
pagar o que devemos em poesia.
hoje é sempre dia de viver a única certeza:
as palavras sentem.

e quando a poesia encontra o valor da troca
as horas são imortais...

(seus olhos tem uma cor que foge do céu invade o mar como golfinho, turva a água dos pensamentos)

(as flores que sorris só adormecem, nunca sabem o fim dos lábios:
antes do precipício recolhem as cores do sol e escolhem ser sonho nas galáxias)


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(Vania Lopez & Teresa Teixeira - ou vice versa. Ou vício do verso. Ou apenas manta de retalhos de conversas ao sabor do sorriso)



Obrigada, Vaninha.



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