
LIVRE-ARBÍTRIO
Data 27/02/2012 19:25:13 | Tópico: Poemas
| Por anos tentei decifrar, Compreender a largura e a profundidade De tal dádiva celestial. Elucidar o encantamento melódico Desta expressão que nos torna singulares, Menos criatura E mais Deus.
Reivindicando a minha porção sagrada De tal manjar, Mergulhei no fel das escolhas contidas Das decisões evitadas Deixei escorrer pelo corpo o veneno Do erro.
E tal líquido formoso Percorria a pudica aura do espírito Resfriando esse invólucro carcerário. Porém acariciava e aquecia A pele palpitante da minha armadura natural Aquela que se vê a olhos fidedignos, Ou seja, Nus.
E quanto mais afável era o toque Menos a Sua imagem eu me sentia. A cada desejo consentido Eu era mais natureza E menos Criador. Eu era mais vivo E menos esperança. Eu era mais ser E menos tornar-se.
No entanto Quando a peçonha atingiu A menina dos meus olhos Pude ver com detalhes Como todos estavam nus Mas alguns escondiam suas partes pudendas Com fé, esperança e pudor. Esses últimos tinham um aspecto necrótico Mas felizes pela decomposição da carne. Tentavam lançar-se aos céus Mas eram agarrados por enormes gusanos Que atestavam a sua insípida Natureza terrena.
Após tal experiência Percebi que o livre-arbítrio Apenas nos permite escolher Quanto viver.
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