Glicínias de cal

Data 11/03/2012 13:36:40 | Tópico: Poemas




A cinza das horas repousa, ferida
Talvez não haja mais palavras
Que defina a corda azulina das ondas
Abandono-me num mar de grafite

A dor vem como uma âncora
O reflexo do sangue sufoca-me a boca
E o movimento sísmico das marés
Trituram-me os dedos,
Atados a um astrolábio defecado de giz

Não amanhecerá nunca mais
Os teus olhos trancaram-se na areia
Como duas glicínias de cal

Carlos Val



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