[escutei / pela orelha de van gogh]

Data 19/03/2012 11:55:28 | Tópico: Poemas

escutei
pela orelha de van gogh
a força da mandíbula
de cesariny
enquanto ascendia
com a descida
do absinto de jarry

e fui por aí a pregar
a pregar
em todas as paredes da memória
em todos os desertos do meu tempo
o sermão do antónio
até à viela
onde o chinês continua
ah saudade
a vender gravatas

e se esgravatas
ó poeta
em busca de uma formiga
que substitua a cigarra
nas coisinhas
como direi
comezinhas
do dia a dia

e a dias a mulher
que não veio
resmungas
ficou no piquenique
não do cesário
mas do lautrec
mais de danças que de panças

e o poema
esse pobre coitado
ia por aí
na voz das meninas do eliot
conversando
sobre miguel ângelo

e nós sem o ópio
do pessanha
sequer um par de megafones
do álvaro
nem a mosca dilecta do alexandre

nós aqui
olhando para a tv
e
mesmo sem saber
rezando
para que o futebol não nos traga
como futuro
o viagra prometido


Xavier Zarco


Nota de Rodapé: utilizando imagens de outros poemas de minha autoria, pelo que se trata de um exercício de auto-plágio.


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