O Convite!

Data 09/11/2007 19:08:46 | Tópico: Textos -> Amor

Sussurraste-me ao ouvido… um convite tímido!
- Querias que escrevesse sobre a poesia! …pode ser?

Senti-me constrangido e quis dar-te algo perceptível…

Abri as escarpas da nossa vida para proporcionar ao momento, sustentado por um amplo desejo, a possibilidade de que ambos palmilhássemos o mesmo caminho em direcção ao reino da poesia.
Fomos em alegre cavaqueira que nem nos apercebemos da distância que caminhamos, tão longínqua, em que cada vez mais nos afastávamos da nossa realidade, que assim nos enquadrava noutro mundo sem medo e por isso, sem a consciência do acontecimento.
Subimos aos píncaros na calada das horas e nem sentimos a emoção de cada minuto na passagem pelo anseio em que as ideias se cruzavam com os subtis segundos do tempo, devasso, na conquista da aventura das palavras e na sapiência dos sentidos.
Tu e Eu! Dois aventureiros em melancolia, provocada pela solidão de quem atravessa dois mundos paralelos e díspares…
Porque quiseste passear entre dois fogos factuais e de espaços permeáveis á reticência humana?
Nem tão-pouco poderíamos mudar o curso das águas, caudais ou marés, para que nos transportassem para o outro nosso lado, o do mundo real.
Chegamos ao reino da poesia, uma tribo de pessoas diferentes e iguais (como os dois mundos) receberam-nos de braços abertos. Em primeiro lugar estava o pai da poesia, membro mais velho do clã, rodeado por inúmeros aprendizes de poesia.
Sussurrei-lhe ao ouvido… um pedido acanhado!
- Queria que escrevesses sobre a poesia! …pode ser?

De olhos fitados na minha companheira, ele entendeu a minha missão, e num gesto inesperado no levantar do braço de mão estendida, originou o aparecimento de alguém com um lápis e um pequeno papel. Ergueu a cabeça de olhos fechados, num movimento lento, baixou a cabeça e projectou os olhos naquele pedaço de papel, escreveu, dobrou o manuscrito e entregou-me num agarrar de mãos…
Foi a vez dele sussurrar-me ao ouvido… um pedido!
- Vai… e leva-a pelo caminho da felicidade…
Agradeci com um sorriso e peguei na mão da minha companheira, num gesto copiado, pronto para uma viagem eterna.

Ainda antes de regressarmos ao “nosso” mundo, paramos na sombra da árvore da compreensão num descanso retemperador e ambos lemos o papel… que definia a poesia ou a forma de a construir, onde se podia ler:


Olha em redor…
Sente e fecha os olhos!
Esmera-te na procura das cores
agarra os teus pincéis (da vida)
e pinta
os
as
tudo o que sentiste
mesmo que a dor… persista
ou a emoção desista
pinta
e oferece ao mundo…

Liberta-te!

Desde esse dia, dois corpos unidos viveram uma única vida… a do amor!
Desde então, uma felicidade constante ornamenta os nossos dias…


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