O poeta

Data 04/04/2012 20:58:42 | Tópico: Poemas


Balança os pés

na beira do cais,

sobre as rutilantes águas

o poeta.

Olha até não poder mais.

Sabe que este corpo já não aguentará

a próxima viagem.

Há muito que se deixou ficar por ali

a saborear a beleza de algum pensamento

ou a escoar-se nele

por ele,

através dele.

As palavras já não servem o seu intento.

Nem nunca serviram

agora que se detém.

Em vão.

Foge-lhe de novo o pensamento.

Não sabe,

qualquer ruído ou cor

ou outra coisa qualquer,

são agora o seu ar e o seu sustento.

Impossíveis de agarrar.


MRLEAL - 4.4.2012


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=218464