Ocaso

Data 10/11/2007 00:25:00 | Tópico: Poemas

O rosto fechado que se lê
e o corpo enrolado que se vê,
rogam em suplício pela alma que se sente dolente...

essa, a alma, falha de coerência morde o ser...
com dentes de espírito, também esse incoerente.

Ai flor, que murcha com pétalas feitas sem chuva, secas...
tão secas.

Encarquilhadas e tão secas.

O pé apertado,
o pescoço sufocado,
o movimento rangente,
pungente,
tomba desfolhado, despido, tão só,
ao vento suave, persistente...

sem dó.

O rosto fechado, não abre e, no entanto, já se chega ao chão...
talvez numa procura de aconchego, os estames esvaem-se,
escorrendo pelas secas pétalas, sépalas,
em querer que se perde da razão...

até mais não.

Evita, aos bocejos, o sono que já não acorda
mas adormece a seguir.

Desce, anoitece
e cai a dormir.

Valdevinoxis



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=21851