GARDEL

Data 07/04/2012 20:01:03 | Tópico: Poemas

GARDEL

Comprei Gardel,
do pescoço verd'amarelo,
com alguns milhares de cruzeiros.

Gardel era meu.
Verde amarelo na gaiola,
Gardel cantava em vao.

A garganta de Gardel
era só trinado e solidao.
A minha, rouca,
a do carceireiro torturado.

Gardel no ônibus,
na caixa de sapatos.
Princípios e razao.

Gardel no mato,
debaixo do meu braço,
meus cuidados de pai e mãe.

Abri a caixa
abri os braços
Gardel trinou, hesitou

levantou vôo
ruflou suas asas de anjo
verde e amarelo

sobre as árvores verdes,
Gardel livre.

Quem voava era eu.


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