Dedilhados de Sedução

Data 15/04/2012 01:38:57 | Tópico: Prosas Poéticas

Vem jogar comigo um jogo de prazer,
sacode-me os beijos nos teus cabelos de ouro liso, eu quero o teu amor.

Testa-me, seduz-me, nega-me num toque de supremacia os meus toques, faz-me seguir-te uivando, desejando-te cada vez mais.

Caminha de pés descalços num compasso teatral. Faz-me beijar o chão que pisas, gatinhando feito lobo.Eu quero o teu amor. Exclui-me do teu drama, recusa-me os desejos, provoca-me, encanta-me. Solta numa voz rouca que não te terei nos meus encantos. Conduz-me nesta dança exorbitante. Molha os teus lábios cor de sangue naquele champanhe pensativo, faz-me querer sê-lo.

Quero sentir-me sobre-humana. Faz de mim, cobaia das tuas fantasias. Cega-me os sentidos loucos, faz-me sentir a tua presença no tom da tua respiração. Balança, diante de mim, mostra-te inalcançável. Banha-me da seda dos teus enredos, no qual és protagonista. Deixa-me cair louca, em mim. Leva-me ao clímax de me tocar como se fosses tu.



Eu quero o teu amor mas, não posso mais. Encosto-me à parede esbranquiçada, fria onde pairam os versos que nela escrevemos. Percorro-me enquanto te olho com eloquência. Sinto-te ceder, num olhar que me segue. Tentas controlar-te mas a tua fraqueza mostra-se superficial num transpirar de paixão. Os nossos olhares fervem-se numa física desmedida.

Aproximas-te finalmente, rasgas as tuas roupas em minha direção. Vens numa correria destemida, dás-te como vencido neste campo de batalha: sedução. Entrelaças-te em mim, como os cabelos da longa trança da Rapunzel. Rasgas-me os lábios na tua sede de vampiro. E eu marco em ti as minhas mãos, cheias de anéis como um velho rei sela uma carta para a sua amada. Sujo-te de um batom discreto com sabor a amora. Cheiro-te transparente e disperso-me fulminante. Sinto-me descontrolada, já não penso, respondo meramente por instinto. Deixo-me levares-me no teu carrossel alucinante de cavalgares loucos. Gemo estridentemente ao teu ouvido, enquanto me agarras os cabelos despenteados.

Quero por fim, morrer agora sobre ti como uma gota de água pousada sobre um algodão doce.

Eu quero o teu amor.



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