
Aparências
Data 15/04/2012 01:59:05 | Tópico: Poemas
| Este poema é meramente um desabafo Para retratar fatos que parecem mentira, Episódios cotidianos que viram rotina Diante de um pudor social que perdeu o tato.
Idosa senhora pedia seu óbolo numa esquina E sua renda diária era depositada num banco, Todos os dias lá estava a pseudo devota de tamancos A recrutar os míseros centavos para sua propina.
Durante alguns anos recheou de reais sua conta Até que um conhecido desvendou-a em seu ofício, Retirou-a sob censura do seu viver fictício Dizendo-lhe que viuvez e aposentadoria já eram de boa monta.
De outra vez entrei numa favela por pura ironia do destino, Fui lecionar particular a alguém que me parecia muito pobre, Diante da situação isentei-me de receber meus cobres, Mas de frente com o que vi aquilo era deveras desatino.
Encheu-me a vista tanto conforto e bastante fartura Que cheguei à conclusão de que viviam melhor que eu, Na vez seguinte o bom-senso realmente me convenceu A cobrar meus talentos sem receio nem usura.
Assim muitos ludibriam a boa fé dos inocentes Que correm e trabalham e “ralam” duro porque são gentes!
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