[respiro-te]

Data 16/04/2012 02:46:37 | Tópico: Poemas

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Todos os cheiros da canela,
cujo aroma nos envolve a mais de oito léguas de distância,
se existem paraisos existirão sempre infernos,
como estas palavras vivem juntas.

Olhava-te, como poderia escrever, olhava-me,
e neste olhar que tocava a pele,
reassumiam-se desejos, como poderia escrever,
reencontrava-me.

Por vezes ouço-te o cantar;
“- Canta-me que eu cantar-te-ei,
assim,
sim,
e eu que te canto, no surdo cantar
que canta em cada canto,
assim,
sim,
encanta-me,
assim,
sim,
cantar-te-ei mesmo que a voz te emudeça,
sim”,

te emudeça perguntarás, como se as velas que o vento enfuna,
poderia escrever que o vento emprenha,
não voassem mais longe que o barco
se fossem livres dos mastros que as aprisionam.

[Do emudecer].
Extingui-me de nós, libertando os vincos
que a pele guardou,
e mesmo que, por vezes, te ouça o cantar,
na rapidez da despedida, como poderia escrever,
na rapidez do encontro,

sempre existirão paraísos gémeos de infernos,
e nós,
que dançávamos esperando o nascer dos dias,
como poderia escrever apenas esperando o nascer,
sempre nos emudeciamos quando as mãos se fechavam
uma na outra, como poderia escrever,
se enovelavam uma com a outra.

Olhar teu por onde o mar de mim um dia sossegou,
como poderia escrever,
por onde o mar de mim um dia se libertou.
Sim, o cheiro a canela ainda voga pelo ar que respiro,
e aqui jamais poderia escrever de outra maneira,
respiro-te. [Porquê? Tu o saberás, nós].





Fim de um ciclo

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

O Transversal



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