
Depois de ter você
Data 19/04/2012 03:06:27 | Tópico: Poemas
| ... e haveria em meu semblante um quê de absinto quando me inclinasse, supondo-me grande, à passagem do terceiro dia. Das horas seguintes eu faria outras iguais, dispostas uma a uma entre as noites cor de chumbo, por cujos vazios a alegria se extingue, lenta, antecipadamente morta. A todos os nuncas sofridos chamaria eu de acaso e estenderia as brancas mãos a quaisquer chuvas que se me avizinhassem, como se em febre o meu corpo; como se feito de sol e deserto; como se, esculpido em sertão, vegetasse profundo. Teria no torpor companhia; o coração sempre em branco, como uma bandeira que tremulasse insípida no topo da neve; os olhos teria como duas pedras cobertas de limo e os lábios traria num silêncio constante e desagradável, para afugentar borboletas douradas que ousassem brotar do túmulo frio do seu rosto.
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