Da Roseira que a vista alegra, um buquê e dois destinos

Data 24/04/2012 17:36:06 | Tópico: Poemas

Da Roseira que a vista alegra, um buquê e dois destinos
(Mauro Leal)

Duma roseira na margem das grandes águas,
secretamente foi enlaçado um colorido buquê
com citações de provas de paixão, carinho, admiração, suspense e discrição,
àquela que não resta a menor dúvida:
misteriosa, implacável, infame, estilosa, vangloriosa, mistificadora, despudorada,
dissimulada, contumácia, corajosa, estrategista, poderosa, aventureira,
controversista, sinistra, calculista,
se algo faz, toca buzina e vai pro jornais,
e sempre contundente no arriscar do velho ditado popular:
“POTOCA TEM PERNAS CURTAS”:
no enfatizar ser continuamente presenteada, estar endividada, diz não poder, até em não ter,
diz que foi, diz que não sei, diz que sei lá, diz que parentes não há,
lisonjeia e denigre, sobrepuja, determina,
ousa infantilmente subestimar inteligências nos óbvios e no elementar
dos que julga idiotas boçais, quando com grampos lacrou,
absorto em pensamentos no sinistro da bijuteria,
que desleixadamente deixou ao léu para o vento levar,
por achar que imperceptível anda às facilidades farejar
e por tentar com testemunha ocular "o consanguíneo agregado" desmascarar,
imprensar e dizer que não da mais para permanecer.

Aventurava infamar com "ti, ti, ti" infundados por aí a fora,
se fazendo indiferente, estranha e ingrata com àquela que tanto atenciosamente lhe ouvia
e acalentava pelas vias, enxugando suas lágrimas que sobre a maquiagem escorriam.

Mesmo no malogro de sua esperança, pelo alto castelo ruindo,
a postura não perdia e no salto crescia para a cena roubar,
então às voltas a qualquer tempo, estava a consultar
para num tcham aqui outro ali à sua elegância "perigueteana" ajustar.

Pasmada e sem querer acreditar em ter um portador de flor à interfonar,
maquiavelicamente fez-se firme e artista como que por ela fosse as lindas flores escolhidas,
e numa perfeita e certeira saída, encenou que o buquê era para o amado "entusiasmado"
que na cama de seu espelhado e decorado quarto,
já se encontrava viajando no prazer de "sonecar".

Carinhosamente, lançava-se florida nos braços do seu encantado e adormecido amado
com o coração na mão acelerado, recitando em versos palavras de juras de amor eterno,
com persuasão íntima de que sua noite com lingerie perfumada, luz avermelhada,
morangos, mel, sex shop, etc. e etc.. e tal,
concretizaria o sonho de seu imaginário,
investindo na relação com o príncipe "embabado",
que cegamente acreditava ter o cupido flechado.



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