Velho tema
Data 28/04/2012 11:38:49 | Tópico: Poemas
| Ao meu filho
Não sei se seguro Areia ou figura. Não sei se teus braços Terei sempre assim: Abertos, erguidos Pedindo-me um abraço. Não sei até quando Terás no teu rosto A frágil candura Que o tempo desnuda, Arranca e fratura. Tormentas se formam E agravam meu medo De cedo perder-te, De ver-te tragado Por frio lajedo, De ver-te levado De mim, indefeso, Tão súbito e quedo. E embora te veja Brincando e saltando As ondas e a espuma Que beijam teus pés, Eu sinto, aziago, As noite e brumas Que logo virão, Eu sinto pressagos Os corpos de agora, Que logo teremos O mesmo destino Das vidas de outrora. Por isso não sei Se areia ou figura Seguro não mãos, Por quais desventuras Enfim passarei, Por quantos extremos Nós dois passaremos, Se a paz do teu riso Com que me jubilo Será sempre um hino Tangendo meus dias. Por isso não sei Se todo o meu zelo Não passa de apelo Que não vai deter Teus louros cabelos, O rosto e a figura Da vã carnadura Dos nossos momentos. És folhas ao vento! A imagem no espelho Na qual deixarei Meu lábio, meu beijo, O fundo desejo De em mim te reter, Teimando suster, Quimera, loucura, A areia e a figura Que eu hoje seguro.
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