-Jardim do Medo-

Data 13/11/2007 00:46:52 | Tópico: Poemas -> Desilusão

E eu disse-lhe:
-Enquanto adiares os dias, não haverá tempo sobre a terra! Porque não gritas? Completa-te!
Assume-te!
Encena um suicídio...
Sorri... daqui para a frente são só desgraças.
Quando te chamam louca, não hesites: puxa o gatilho!
...Puxa o gatilho... e ainda te sobrarão a música, o álcool e o revólver!

Ela queria uma mão para agarrar e não a encontrava...
Desmaiada enquanto vivia...
Para sempre desmaiada!

-Que importa se respiro? se não te respiro a ti?

Ela queria uma mão para a agarrar e não a encontrava...

Ela tinha a vida e as mãos demasiado perto do revólver... e do coração...

Estava embriagada pela sua própria dor...
... inacessível, por a tantos outros ser acessível...

...

Nesses dias fui rezado todos os dias,
enquanto preparava as redes, eles preparavam os medos...
Assim morri ao terceiro dia...

...

Muito perto de mim ainda todos se querem partilhar, ainda todos têm algo a dizer...
Com tantos sóis não precisam de optar.
Eu, como um barco à deriva, de porto em porto, de boca em boca, ainda continuo a sonhar com uma mão...

Eu que só queria uma mão para a agarrar... Eu...
Eu que já não sou meu, sou dos que rezam por mim...


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