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Data 31/05/2012 17:52:38 | Tópico: Poemas

Não gosto de cubículos
Tenho falta de ar
Não são pontos oblíquos
No meu modo de estar

Não gosto de clubes de futebol
Se demasiado bairristas
Lembram peixes no anzol
De um frenético campista

Não gosto do meu país
Sempre que perde o rumo
Estar patético e infeliz
Que há muito perdeu o prumo

Não gosto de palavras trancadas
É nas portas escancaradas
Saltando como petizes
Que vontades enlaçadas
Contornam os deslizes
De mentes atrofiadas
No mofo enraivado, deslizes

Palavras acções e ideias
São o pólo de junção
Bem no centro as colmeias
Mostrando o que é união

Não gosto de sítios trancados
Aos olhares curiosos
Diziam os velhos cansados
Relembrando os companheiros

Que lutaram p`la liberdade
Entre grades de prisões
Não gosto de tanta vaidade
Desfiando ilusões

Gentes do meu país
Posso ser um ser amargo
Amargo que sempre quis
A seiva de um saramago

Saramago é a planta
Que cresce em campo aberto
Tanto que serviu de janta
Em terras do Alentejo

Não gosto do degredo
Muito menos do opaco
De cubículos em segredo
Escolho franco barraco.

Antónia Ruivo.



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