Hoje não sei que te dizer
As palavras morrem-me antes de ser,
Ficam-me no céu-da-boca
Sinto-as no palato a morrer

Tinha tanto para te falar, sabes?
Contar-te de mim, e do que sinto
Mas não encontro as palavras,
Sei que lá estão, só por instinto.

Como sei de ti assim de longe
Na aragem de um sorriso fugaz,
A caricia de um olhar velado
Como a brisa fresca que a noite traz.

Sigo sinuoso os teus recantos
Leve, muito leve, quase com medo
Que a escuridão que me envolve
Me leve a fantasia do teu arremedo.

Não te vás, fica aqui comigo
Embrulha-me no suspiro sereno
De azul enfeitado e decorado
E enlaça-me o teu colo ameno.