Uma solidão selvagem abriu a porta e sentou no meu sofá, convidando trovões para aquecer os pés frios e as palavras molhadas sem a minha permissão.
Algumas (des)necessárias nuvens choram copiosamente pelas vidraças da janela e as cortinas estão eternamente fechadas, pois a escuridão não tem hora para se despedir.
Casacos casam-se com cachecóis enquanto a noite esfria o café, e eu carrego o meu guarda-chuva retrô de bolinhas coloridas através das ruas do ex-agora.
Nada espero em junho além de tirar uma soneca enquanto Perséfone ou Proserpina para os mais íntimos, deita-se com o seu homem cheia de devoção e cuidados. Hades raptou-a novamente e a docilidade feroz da chuva pôs-me na cama mais cedo.
Preciso lembrar-me do mito e da (in)decente alegria de estar sozinha em junho - esse mês grávido de corações nas vitrines e namorados semi-capitalistas.
O que é junho para uma poeta inexperiente como eu cuja as pernas ainda tremem diante do solstícios? O que é junho para todos mistérios e sementes de romã que caem de minhas mãos vazias de amanhã?
Karla Bardanza Em junho, começa o inverno aqui no Brasil. Além disso, ele conhecido como o mês dos namorados.
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