 
  
    	Coitado do Zé de Zuia - Lizaldo Vieira
    	Data 14/07/2012 15:36:49 | Tópico: Poemas
 
  |  Coitado do Zé de Zuia - Lizaldo Vieira Gente cansada  Explorada  Usada  Descartada Marginalizada  Ignora   A caneta desgastada  Pela piçarra  Cadeado de saco  É o nó  Inda tem mulher pra parir  Filharada pra criar  Rapé no tabaqueiro pra cheirar  Farinha e sal na cuia  E um cachorro vira-lata  Que espanta o mau  Gente do mato Afeita a uma pescaria de jereré Catar lenha na capoeira  Chupar cana com nó e tudo  Pele queimada  Barriga de samburá  Carregada de sonhos  Esquecida de  tudo  Nada de maldade na mente  Vida indigente  Na indiferença  Do mundo sem providencia  Na mochila o cumê sem elaboração  Na cabaça uns pingos d água Sem tratamento  La vai ele  Sabe tudo da roça  Sabe nada do mundo  Sem sapato de napa ou de couro  Vidinha rustica  Brasuca em desgraça  Boca de cratera  Mãos calejadas   Pés mal acostumados com a coceira  Do bicho de pé  Mora em casebre de taipa  Coberta por sapé  Come e bebe na lata   Dorme na esteira  Vida em harmonia com o simplório  Feita de fé nos santos de devoção Nem sempre triste Às vezes parece feliz Ignorando os saberes modernos  Vida do mundo sem eira nem beira Na grandeza de quebradeira  Sujeita a fome sem providencia  Mas  Contenta-se com vida de gado  Boi de carga Saco de pancada  Contudo  Longe da violência urbana Do transito caótico Da fila pra comprar banana   E do saque aos serviços  Biodiversos  Do planeta nosso  De cada dia 
 
  |  
  |