
Manhattan Tower
Data 25/07/2012 14:25:45 | Tópico: Poemas
| Manhattan Tower, 89, Tu te ergues Poderoso e colossal Da Avenida Rio Branco Ante súditos de asfalto e carne, De cimento e aço. Templo de gravatas e sapatos, De pastas e investimentos, É em ti que acionistas E investidores divertem-se Disputando cifras, Em meio às oscilações do mercado, Vaticinando lucros, Diante das taxas de juros Do FED e dos BCs, Depreciando mercados E economias, Ante os humores cambiais, A despeito de fé, crença Ou de qualquer drama familiar, Enquanto compramos O sagrado pão de cada dia. Tu, que não és um, Que não és único Mas inumerável Mundo afora, Geração fustigada pelo vento, Fragas que se atiram contra os céus, Clarão envidraçado De aço e de alumínio A refletir, Em mil centelhas, A luz ligeira De Xangai, Taipei, Chicago, Kuala Lumpur, Hong Kong e Nova Iorque, Burj Khalifa, Willis Tower, Taipei 101, Petronas Towers, Central Plaza, Empire State Building, Titã coruscante, Contemplas vítreo e concreto Teu irmão De ponteiros e horas indecifráveis Em direção ao qual, da Avenida, Todos os olhos se lançam Aflitos ou indiferentes. Irmão que, por sua vez, Encara firme e altivo O pai cansado de exploração A contemplar mudo Os detritos da baía, A fração inumana das gentes Pelas ruas e becos... Ó Irmãos ingentes, Filhos de um gigante – Ó Família excelsa De concreto e laje, Há carne imunda e fétida Que se espreme, em vão, Sob tuas marquises Contra o frio e a chuva De teus prognósticos, Enquanto de vós, Bem protegidas, Retinas assustadas Buscam saudosas As Torres de outrora, Consolam-se Entre álcool e aspirinas, Em meio a céus Rasgados de gritos E WTCs, De precipícios E cimitarras chamejantes, Enquanto buzinas e sirenes Vaticinam pavores, Sinistros augúrios Avenida afora; Consolam-se, Entre destroços De um firmamento estilhaçado, Com aqueles antigos versos Que diziam: “Porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan...” Enquanto o tráfego e a baía Refletem ardis E o mudo perigo que espreita.
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