O Meu Todo Para o Nada dos Outros

Data 20/11/2006 14:20:00 | Tópico: Acrósticos

Tento dar folgas à virtude de ser tantos,
Que a linha limítrofe que os separa
Acabou por reduzi-los a um Todo pseudo-poderoso.
É esse Todo que me converte em Mim,
Me faz serrar o ventre do pensamento
E atingir a imundice plena de carrasco indecente!

Cometo deliciosos crimes de arcanjo imprudente
Que me rasgam em horripilante e fantástico
E me fornecem um misterioso prólogo...

(Para os que demais de Mim queiram desvendar!)

Pena Eles não terem Olhos para Ver o que os Olhos não vêem
E Eu ter asas para Os fazer Ver o que Eles não pensam Ver.
É que ,afinal, Olhos que vêem todos Eles têm,
Mas Olhares que vêem além do permitido Ver, nenhum Deles há-de ter!

E sou astro fugitivo
E sou nevoeiro incandescente
E sou água em movimento
E sou ouro intermitente
E sou E sou E sou!...

Ninguém me lê o prólogo,
Ninguém me aperfeiço-a o pensamento,
Ninguém me nota os crimes,
Ninguém me desvenda...

Continuo a ser o Todo, o arcanjo e o fantástico.
Só Assim!
Porque os demais são tão poucos e tantos
Que os meus seres se declaram derrotados
Pelos seres Deles, largos e sacrossantos!


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