[ … e quando as ignescentes estilhas se consomem

Data 28/07/2012 04:27:02 | Tópico: Poemas

.
.
.
.
.
.
.
.
..........................................
******************************************


e quando as ignescentes estilhas se consomem,
renova-se pelo fogo o sentir julgado naufragado.

Alterosas as ondas que ouço em solilóquios crescentes,
rumores que se transformam em urros,
quão perto a crespa tempestade é de mim,

ribombam sussurros teus
nestes longínquos silêncios meus, amordaço o alvitrar
repentino, que renasce,
que se encabrita,

como os lírios pelo matinal orvalho.

Acrescento-me aos desconhecidos mares,
neste vai e vem, ah... ondear que me extasia,
e,
desfaço-me da partida nesse dia em adeus,
nos desencontros que foram as rotas nossas.

Que o mar, uma noite me faça ancorar,
nos braços teus.





experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.

ignescente – que está ardendo
estilhas – lasca de madeira
perdi-me,
perdi-me de toda esta terra,
quando te extinguiste de mim.

“Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei.

Gato que me fitas com olhos de vida, quem tens lá no
fundo?

Sorri, dormindo minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!”

(“Magnificat” Álvaro de Campos)


[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=227525