[ … sejam-me símiles à espuma do mar

Data 01/08/2012 04:05:21 | Tópico: Poemas

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sejam-me símiles à espuma do mar olhares teus,
quais santelmos anunciadores de bonança.

Segrego-me de aluviões, remoinhos, tormentas,
ameaças,
e quedo-me pelos sargaços distantes de terra
que me abrigam.

Pelo alto mar habito-me entre um mastro e o vento,
revejo a praia deserta

onde se espraiavam ondeares teus,
onde as mãos entrelaçadas eram âncoras fundeadas.

Sentir-te-ei sempre quão perto este mar é de mim,
mesmo que numa breve noite se afoguem sonhos,

mesmo que numa breve noite me olvide para sempre de mim.

Que seja.







experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.

“A dor, deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Foi um deslumbramento.
Todo o meu ser suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso
Num doce esvaimento”

(“Branco e Vermelho” Camilo Pessanha)


símile - comparação que se faz entre duas coisas que se assemelham.

Santelmo – pequena chama que muitas vezes nas tempestades atmosféricas surge numa ponta dos mastros dos navios. Indica também bonança a seguir.
Fosforescência que em certas latitudes e principalmente em tempo de trovoada se nota no alto dos mastros dos navios.

Segregar - Separar ou separar-se de um todo.

Olvidar - Perder de memória, deixar cair no esquecimento.
Fiquei na dúvida com esta palavra e oblívio - “mesmo que numa breve noite alguns oblívios tomem conta de mim
Oblívio – esquecimento, olvido.


[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]



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