Prelúdio Refrigerante

Data 16/08/2012 01:19:15 | Tópico: Poemas

Sangra a tarde apunhalada pela mão do dia
Algo refrigerante faz o ocaso ser diferente
Morre a tarde e uma nova poesia se inicia
Quando se recolhe Febo dos cabelos ardentes.

Do nada um véu denuncia a chegada da brisa
Que vem deslizando macia pelos arvoredos,
Orvalhando a rua, perolando os brinquedos
Como uma seiva que a alimenta e a alumia...

Noutra rua, noutro prédio, num apartamento
Uma semideusa um espetáculo se principia
Elevando aos Campos Elíseos o contentamento
De um homem quando a tolha a descortina...

Uma mulher exalando fragrâncias femininas
Serpenteia pela pelúcia veludosa do tapete,
Olhos gigantes, sensuais, de uma fera felina
No cio arranhando a textura alcalina da parede...

No vale virgem, no monte de Vênus de uma vagina
Nas penugens maliciosas das abundantes nádegas
Um marinheiro em terras desconhecidas naufraga
Quando a luz bruxuleante e sonsa do quarto finda..

Aquece o quarto o perfume que adocica o ambiente
Pernas e braços entrecruzados imortalizam o momento
Dois corpos, duas almas afogueadas em sexo indecente
Liberando e libertando os mais safados pensamentos...

Morre mais uma vez o mundo neste instante.
Param-se os relógios, quebram-se as ampulhetas.
Queda a noite novamente como que se estivesse bêbada...

Fadigadas duas almas extasiantes...
Apagam-se as estrelas antes acesas...
Raia o dia em rara beleza...
Prelúdio mais que refrigerante!



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=228772