
[A Árvore do Adiamento]
Data 25/08/2012 12:35:39 | Tópico: Poemas
| [Cão dos infernos! Outros haverão de agir — não eu!]
Por que hei de ser eu a fazer algo a respeito dessa ou daquela dor?! Os atos de todos os que me precederam tornaram este mundo um patíbulo atroz!
Como posso eu, imperfeito, vil, reles, malsofrido de minhas penas, querer um mundo conforme aos meus atos!? Ah... a fatídica danação de Sísifo!
Bem sei — tem profundas raízes e muito ampla ramada essa árvore sob cuja sombra eu estou placidamente recostado.
Nem é preciso que eu me erga, pois os seus galhos benevolentes chegam a tocar o chão a sua volta para trazer os frutos a minha mão.
Um arco não retesado não dispara flechas... E assim, de ânimo lasso, passo os meus dias a saborear languidamente os frutos macios que edulcoram a minha inércia de viver...
Nenhum músculo meu se mexerá, nenhuma folha cairá daquela árvore, e os seus frutos não vão se acabar; a menos que uma ventania...
[Rogo uma praga a todos os homens de ação que me legaram este mundo vil; e prometo entregar-me à total inação para não torná-lo ainda pior!]
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