METAMORFOSE

Data 29/08/2012 05:08:03 | Tópico: Textos

Hoje ao ter a visão momentaneamente ofuscada pela imponente luz do astro rei, num simples tirar dos óculos solares, cai numa medíocre reflexão, ou quem sabe não... Percebi-nos em cores e só então vi diante da cegueira que me causou o sol, que não enxergastes minhas cores verdadeiras e eu sou tantos tons... Tantas cores distintas que indistintamente se revelam. Vez ou outra meu amor assumia tons brancos de beleza pura, quase virginal. Por outras vezes era o vermelho vibrante, ás vezes eu era um tom por existir, buscando uma cor pra se misturar a mim. Quiseste-me cinza, apenas cinza. Como sobreviver a isto? Eu posso ser negra como noite sem lua, cinza jamais! Perdeste-te no seu daltonismo funéreo. Na parvoíce de não pensares no amor como algo colorido. O amor não tinha tão forte significado, depois teve. Cuidava de ti por te amar, mas a ti. Percebi ao longo dos dias que tu querias amar-te, amar-te através de minhas cores que refletiam dando um terceiro tom ao teu. Esqueci-me que reflexo é uma reprodução atenuada, fui me tornando um revérbero de ti e me esquecendo. Fui cobrindo todos meus tons, com tua inércia cinérea! Agora tu dizes que não vive sem nossa luz? Fomos no máximo um amarelo fotografia antiga! Tem graça? Logo eu, que tenho graça. Que caio em graça. Que também sou engraçada, como cara pintada do palhaço. Não peças para que eu me apague contigo e atinja um tom fúnebre! Se hoje tua existência é como dizes, da cor do branco do vazio, é a hora que tua alma pede uma vida de outra cor. O branco pode se metamorfosear.O vazio se transmuta no tudo. Um final é também um começo...
Rosilayne Vasconcelos



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