Além do limite...Na vertigem da dor...
Vazio, espaço que a mente não consegue preencher, inexistência profunda e lenta, angústia sem tom, lugar sem matéria nem alma, mas apenas memória... Insisto na memória de um gesto, expressão, um som, por instantes, acredito na materialização, como se o desespero abrisse uma dimensão desconhecida... Aconchego-me na tua almofada e escuto o teu respirar, por instantes, sinto o teu calor, a beleza de um beijo naquele espaço de transição entre a vigília e o adormecer... Dobro-me sobre o teu corpo e ficamos assim, como se o nosso Amor fosse um SER eterno e secreto... As minhas mãos procuram as tuas sem cessar, continuo a esperar por ti, mesmo que não possas regressar, sei que também choras além do limite, que procuras as minhas mãos e anseias os meus lábios... Querem convencer-nos que não vale a pena tentar, na inexistência não existem sonhos... Talvez a loucura resida em saber que somos filhos da inexistência... Enquanto espero por ti, reconstruo a tua presença, como se o teu sorriso ainda fosse um lugar de esperança... Vou Amar-nos, caso não o consigas fazer... Enquanto os mêses esmagam os nossos dias, continuo a adormecer no teu peito, da mesma forma, terna e eternamente até que o teu coração acorde...
Carlos Barão de Campos
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