AS CRUZES
Data 25/11/2007 02:12:10 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| AS CRUZES Paulo Gondim 22.04.2001
Velhas cruzes, fincadas Expostas, abandonadas Corroídas, desbotadas Amontoadas e multiplicadas Num cenário sem brilho No triste estribilho Da velha canção Do grito perdido De um povo esquecido Sem voz, sem ação.
E assim são as cruzes Franzinas, sem porte Lembranças da morte Tão Comum no sertão
São assim tantas cruzes De triste memória A contar sua história De muita discórdia Tão vulgar no sertão Tanta cruz lembra a guerra Travada sem trégua Do homem da terra A procura do pão.
E assim são as cruzes Disformes, tristonhas, Lembranças medonhas Do pobre sertão.
E por que tantas cruzes Algumas sem braço Ocupam o espaço Em todo lugar Marcando a paisagem Com a triste mensagem Que não quer calar Que é preciso coragem Pra mudar tal imagem Para se libertar
E assim são as cruzes Em filas tão tortas Mostrando revoltas Pra mudar o sertão
Mas, assim são as cruzes Dos pobres jazigos Lembrando os castigos De tantos perigos E lutas em vão Reflexo da fome Injusta, infame Que a muitos consome No duro sertão.
E me vejo nas cruzes Por todos os lados Um crucificado Mais um no sertão
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